segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Grindhouse: À Prova de Morte, de Quentin Tarantino


Quando assisti Grindhouse: Planeta Terror há um tempo atrás, não sabia que o filme fazia parte do segundo episódio (vamos assim dizer) da produção da dupla Quentin Tarantino e Robert Rodriguez. Somente agora, pesquisando em sites de cinema, é que descobri que os dois cineastas produziram juntos, numa única película, um filme dividido em duas partes numa homenagem aos filmes B dos anos 70, que não contavam com a primazia da qualidade mas divertiam o público em cinemas baratos, conhecidos como Grind Houses.

Planeta Terror, dirigido por Robert Rodriguez, já havia me impressionado bastante, tanto pela paródia aos filmes de zumbis como pela presença de uma das personagens femininas mais punks e, na minha opinião, mais fascinantes do cinema moderno, Cherry Darling, vivida pela musa Rose McGowan. Cherry Darling tem um encanto feroz, tem no olhar uma voracidade sensual e, principalmente, tem no lugar da perna uma genial metralhadora que extermina zumbis a torto e a direito. Planeta Terror lembra muito Um Drink no Inferno, também dirigido por Rodriguez e com a participação de Tarantino no elenco.

Ontem assisti a primeira parte do filme, Grindhouse: À Prova de Morte, dirigido dessa vez por Tarantino. Os zumbis são deixados de lado e dão espaço a um serial killer das estradas, vivido por Kurt Russell. De primeira me conquistou por ter em sua história um assassino totalmente atípico que não empunha facões, machados, picaretas ou motosserras para liquidar suas vítimas, mas sim um carro "à prova de morte".

Inicialmente pensei que o filme fosse remeter ao clássico Encurralado, de Steven Spilberg, mas logo essa comparação cai por terra quando nos trinta minutos iniciais é apresentado aos espectadores o rosto do psicopata das estradas, ao contrário do longa de Spilberg, cujo rosto do motorista do sinistro caminhão não é mostrado. Aliás, genial o nome do serial killer: Dublê Mike.

Uma característica latente do filme, tratando-se de Tarantino, são os diálogos intermináveis. Outro dado interessante é o uso de câmeras, personagens e outras situações presentes no filme Kill Bill. O xerife local Earl McGraw, por exemplo, que aparece em Kill Bill na cena em que averigua o massacre ocorrido numa igreja, também aparece em À Prova de Morte, quando faz para o espectador um raio-X de apresentação do serial killer dentro de um hospital. Também temos a cena final do espancamento, muito similar à sequência em desenho animado de Kill Bill. Outro detalhe interessante é a música "Twisted Nerve", assobiada por Daryl Hannah em Kill Bill, que vem dessa vez em forma de toque de celular de uma das personagens. Ainda devo dizer que não pode ser coincidência as cores preto e amarelo do uniforme de Uma Thurman em Kill Bill serem as mesmas do carro em que um dos grupos de meninas dirige.

Os pés fazem parte do fetiche de Tarantino, outra descoberta que fiz perambulando pelos blogs de cinéfilos, e por isso há cenas que realçam os pés das personagens, como a cena de abertura.

Tanto quanto a dança de John Travolta e Uma Thurman em Pulp Fiction, a cena da "dança no colo" de À Prova de Morte já entrou para o meu hall particular de cenas clássicas do cinema.

Alguns atores e atrizes de Planeta Terror estão presentes tanto na primeira quanto na segunda parte de Grindhouse. Rose McGowan pode não ter uma perna-metralhadora dessa vez, porém surge como a dona de uma das mortes mais originais e bizarras que já assisti. O elenco ainda conta com uma pequena participação do ator Eli Roth, que fez o excelente personagem O Urso Judeu de Bastardos Inglórios.

À Prova de Morte mudou meu conceito sobre ação sobre quatro rodas e sobre o gênero terror. Os fãs de Tarantino e os que curtem Rodriguez terão um prato cheio. Nada poderia dar mais certo do que a parceria entre esses dois gênios da sétima arte.

Um comentário:

  1. Oi primo,
    Aqui é a Carol :) tudo bem?
    Depois de ler essa sua "review" que me dei conta de quantos detalhes nos passam desapercebidos. Como, a cor do carro das meninas e da roupa de Uma Truman. Apesar de eu ter reparado no toque de celular de uma delas que é a música do Kill Bill.
    Engraçado, é interessante pensar que vários diretores, de forma subliminar, chamam a atenção para algum outro filme por eles dirigidos/produzidos. Como é o caso do Stanley Kubrick que no "Laranja MecÂnica" constrói uma cena onde o Alex DeLarge está em frente a uma estande de Bolachões, e, um dos bolachões é o filme "2001: Uma odisséia no espaço". Me pergunto o porque disso? Um marketing, talvez?
    Achei bem escrito, além, de ser esclarecedor! Parabéns.

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