quinta-feira, 27 de maio de 2010

Trecho do conto A Queda da Casa de Usher, do livro Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe


"... com uma completa depressão da alma, que não posso comparar, apropriadamente, a nenhuma outra sensação terrena, exceto com a que sente, ao despertar, o viciado em ópio, com a amarga volta à vida cotidiana, com a atroz descida do véu."

"Era uma sensação de alguma coisa gelada, um abatimento, um aperto no coração, uma aridez irremediável de pensamento que nenhum estímulo de imaginação poderia elevar ao sublime."

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Balão Branco, de Jafar Panahi


Conheci o cinema iraniano com o pé direito. Jafar Panahi, através do belíssimo O Balão Branco, de 1995, apresentou-me a um cinema que eu ainda não havia tido contato. E gostei do que assisti.

O filme conta a história de uma menininha, Razieh, que sai de casa para comprar um peixinho de estimação faltando pouco menos de uma hora e meia para a virada do ano novo iraniano. Com muito custo ela consegue o dinheiro com sua mãe, que lhe dá as últimas economias da casa para a compra do peixinho. Como não tem trocado, a mãe lhe dá uma nota alta para que a menina depois lhe traga o troco e assim possa comprar os presentes dos parentes para as festividades. No trajeto de sua casa para a loja, ela tem encontros com personagens que num primeiro momento parecem ter interesse no dinheiro que ela carrega. A qualquer momento esses personagens, muitas vezes carregados de uma certa frieza, parecem prestes a dar o bote em Razieh, aproveitando-se da inocência dela. E nos deparamos com as surpresas que ocorrem nesses encontros.

Entre tantos personagens interessantes, dou destaque ao irmãozinho da menina, o personagem dinâmico do filme, aquele que ajuda a consolidar o tônus da narrativa, dotado de um conhecimento superior em relação ao misbehavior da personagem principal. É ele quem penetra no mundo dos adultos e negocia com eles visando sempre o objetivo de sua irmã. São negociações às quais não tomamos ciência. O espectador, tanto quanto Razieh, fica a observar, com distância, o menino convencendo os adultos e logo em seguida voltando com êxito ao que se propôs. Uma técnica utilizada no roteiro que economizou brilhantemente diálogos e tempo. E o espectador se dá por convencido apenas com a sugestão dessas cenas.

Ao longo da narrativa cheia de significados humanistas percebemos que o diretor Jafar Panahi traz uma mensagem de esperança e de paz entre os homens, simbolizada pelo balão branco pendurado na haste carregada por um menino vendedor de balões, numa alusão à bandeira branca da paz.