terça-feira, 9 de março de 2010

Onde Vivem os Monstros, de Spike Jonze


Já havia lido críticas dizendo que Onde Vivem os Monstros era um filme que tinha pouco de aproveitável para o entendimento das crianças além dos simpáticos monstros que, aliás, me fizeram lembrar muito os personagens de A História sem Fim, de 1984. Se não tratasse de questões mais profundas, também compararia o roteiro adaptado de Spike Jonze ao do filme infantil do início da década de oitenta, cujo personagem principal também usa a imaginação como refúgio dos problemas do dia-a-dia. Onde Vivem os Monstros é capaz de penetrar no ninho onde adormecem algumas de nossas questões incômodas e trazê-las à superfície para um confronto direto à luz da realidade. As dúvidas do menininho, nomeado rei pelos monstros de um mundo fantástico, são impressionantemente muito parecidas com as minhas enquanto adulto. Como agradar a todos que me cercam com as suas carências e personalidades? Como tomar a melhor decisão diante de certas circunstâncias? Como administrar de forma equilibrada o meu próprio reino?

Fiquei surpreso com o fato de o filme não ter concorrido a nenhuma categoria do Oscar deste ano. Lamentável ao quadrado. Havia força suficiente para disputar melhor filme, melhor diretor, melhor trilha sonora e melhor roteiro adaptado (adaptação do livro escrito por Maurice Sendak em 1963).

Vale ressaltar a trilha sonora feita por Karen O., ex-namorada de Spike e vocalista da banda Yeah Yeah Yeahs, que traz a sensação da ingenuidade e da liberdade infantil enquanto Max brinca na floresta e na duna com seus amigos.

Tornei-me fã de Spike Jonze desde Adaptação, filme que dirigiu em 2002 sobre o próprio roteirista do filme, o confuso Charlie Kaufman. É dele também a elogiada comédia de humor negro Quero ser John Malkovich, de 1999, também escrita por Charlie Kaufman.

Onde Vivem os Monstros certamente reinará com toda sua majestade e importância em meu mundo particular do cinema.

Um comentário:

  1. Esse filme é espetacular, muito bonito e profundo. O que parece ser um filme infantil, na verdade se revela algo muito diverso, um filme sobre a infância. Essa diferença dá toda a consistência e o brilho que o filme tem. Nos próximos dias, pretendo discutí-lo com meus alunos, nas aulas de Filosofia. Vamos ver o que resulta dessas discussões. Parabéns pelo blog. Um abraço.

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