segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Balão Branco, de Jafar Panahi


Conheci o cinema iraniano com o pé direito. Jafar Panahi, através do belíssimo O Balão Branco, de 1995, apresentou-me a um cinema que eu ainda não havia tido contato. E gostei do que assisti.

O filme conta a história de uma menininha, Razieh, que sai de casa para comprar um peixinho de estimação faltando pouco menos de uma hora e meia para a virada do ano novo iraniano. Com muito custo ela consegue o dinheiro com sua mãe, que lhe dá as últimas economias da casa para a compra do peixinho. Como não tem trocado, a mãe lhe dá uma nota alta para que a menina depois lhe traga o troco e assim possa comprar os presentes dos parentes para as festividades. No trajeto de sua casa para a loja, ela tem encontros com personagens que num primeiro momento parecem ter interesse no dinheiro que ela carrega. A qualquer momento esses personagens, muitas vezes carregados de uma certa frieza, parecem prestes a dar o bote em Razieh, aproveitando-se da inocência dela. E nos deparamos com as surpresas que ocorrem nesses encontros.

Entre tantos personagens interessantes, dou destaque ao irmãozinho da menina, o personagem dinâmico do filme, aquele que ajuda a consolidar o tônus da narrativa, dotado de um conhecimento superior em relação ao misbehavior da personagem principal. É ele quem penetra no mundo dos adultos e negocia com eles visando sempre o objetivo de sua irmã. São negociações às quais não tomamos ciência. O espectador, tanto quanto Razieh, fica a observar, com distância, o menino convencendo os adultos e logo em seguida voltando com êxito ao que se propôs. Uma técnica utilizada no roteiro que economizou brilhantemente diálogos e tempo. E o espectador se dá por convencido apenas com a sugestão dessas cenas.

Ao longo da narrativa cheia de significados humanistas percebemos que o diretor Jafar Panahi traz uma mensagem de esperança e de paz entre os homens, simbolizada pelo balão branco pendurado na haste carregada por um menino vendedor de balões, numa alusão à bandeira branca da paz.

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